Para ver a luz


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A Flor e o Espinho

Este é o videoclip da nossa versão do tema A Flor e o Espinho, original de Nelson Cavaquinho e Guilherme de Brito, realizado por Tiago Albuquerque.


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As primeiras sementes já estão espalhadas:

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Jardinagem eterna: Evergreens

O novo trabalho de The Soaked Lamb é um disco de versões, mas acima de tudo, é preciso não esquecer, é uma máquina de memória. Há melodias que não mereciam o esquecimento, que, mais do que a morte, é a verdadeira morte, mais trágica e eterna. O resultado tem como nome Evergreens, que significa, sobretudo, perenidade. Escolhemos alguns temas que achamos exemplos de grandes criações, das mais belas que o homem é capaz, já que é de música que se trata. E além destes - que incluem golspel, country, jazz, blues, samba, canção mexicana - ainda acrescentámos versões de três músicas nossas, chegando a transformar um blues num tango. Existem pontes invisíveis, cordas que unem coisas que não parecem poder ser unidas. Para culminar, acrescentámos um original, a três tempos, e em português. Continuamos a tocar sentados, mas usamos mais línguas, usamos mais mundo. Estes são os 12 temas, todos gravados nos Estúdios da Índigo: A Flor e o Espinho, I Saw The Light, 4 Quartos, Midnight Special, Your Cheatin’ Heart, Blue Voodoo, La Llorona, Keep Your Lamp Trimmed and Burning, A Coffin For Two, Sixteen Tons, Tombstones Under Oak Trees e Hot Nuts. Para criar ainda mais eternidade à ideia de Evergreens, tivemos a colaboração de Rodrigo Leão, nos arranjos de cordas de A Flor e o Espinho -- o primeiro single do CD -- que trouxe com ele um trio de cordas composto por Viviena Tupikova (violino), Bruno Silva (viola) e Carlos Tony Gomes (violoncelo). O coro Musicarte acrescentou muitas vozes -- porque a música deve ser feita assim -- ao tema Midnight Special, enquanto o Jorge Fortunato, dos 49 Special, tocou steel guitar na nossa versão de Hot Nuts. Evergreens são 12 temas para ouvir a partir de 18 de Junho, que desejamos que sejam bem duradouros.
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Seiva

O novo CD, Evergreens, está a partir de hoje nas lojas. Gostávamos que o conhecesse por dentro:
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A nossa primeira capa



Dois discos e duas capas, e conseguimos a proeza de não aparecer em nenhuma delas.
Foi preciso a Marsupial fazer uma entrevista connosco, além de uma crítica mesmo muito lisonjeira ao nosso Hats & Chairs, para deitar por terra esse facto de que tanto nos orgulhávamos, e colocar-nos na capa, e logo sem qualquer aviso prévio. Capas à parte, vale a pena folhear a revista.
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Todos para a Rua de Baixo


THE SOAKED LAMB
A primeira banda de cozinha.

O tempo que sobeja de um Domingo, reclama mais que uma mesa bem composta de um ensopado de borrego, ornamentado com um ramo de hortelã a pedinchar copos de tinto alentejano, numa dança com a gula. Nesse tempo, um grupo de amigos arregaçou as mangas, lavou os talheres rapidamente, e formou os The Soaked Lamb. Uma Home-Band dividida entre os dotes culinários e uma aptidão natural para compôr boas músicas. Falamos com eles sobre culinária, música e dos ingredientes que são indispensáveis para se cozinhar uma boa banda.

‘Hats & Chairs’ é o vosso segundo disco, o primeiro foi gravado totalmente em casa de Afonso Cruz. Como foi o salto do lar para o estúdio para gravar este novo trabalho?

Não tivemos alternativa porque o Afonso vendeu a casa. A verdade é que nós queríamos um som mais profissional do que no anterior registo. Era um passo lógico. Uma evolução necessária. E um grande alívio para a mulher dele. De certa forma, este novo disco ‘Hats & Chairs’ também é homemade, no sentido em que foi todo gravado e produzido por nós, tal como o anterior. Na realidade, só mudaram as paredes, o isolamento das mesmas e as queixas dos vizinhos. Este segundo registo também só tem originais, ao contrário do primeiro em que metade dos temas eram versões. E tem mais instrumentos. Muito mais instrumentos. As gravações tiveram a mesma lentidão que as anteriores, mas sem o ensopado de borrego para o almoço. Perdeu-se na qualidade das refeições, mas ganhou-se em qualidade de som. Outra coisa que mudou, foi que os temas já estavam ensaiados, rodados e testados, e isso faz toda a diferença. No primeiro CD, foi tudo feito antes mesmo de haver banda.

Antes só se juntavam para tocar ao Domingo, por motivos profissionais. Como é agora, já há uma dedicação a tempo inteiro?

A dedicação continua a mesma. Ou seja, só nos juntamos aos Domingos. Em alguns Domingos. Com ou sem ensopado de borrego. Continuamos a exercer as nossas profissões, e a tocar sempre que podemos. Sempre que as profissões o permitem. Metade da banda tem a vantagem de não ter um emprego fixo. São pessoas que têm diversas profissões: escritores, designers, publicitários, realizadores, ilustradores - tudo concentrado em três pessoas - e a música é mais uma dessas coisas. Encaixa-se onde é possível, sempre que possível. Mas existe uma dedicação e um investimento muito grandes, e sempre a custos pessoais. De todos os seis.

Um prato gastronómico bem português, deu o nome à banda. O que vos inspirou para ir buscar influência à música que marcou os anos 20 e 30, em especial, dos Estados Unidos?

O nome veio da ementa dos Domingos, quando gravámos o primeiro CD, misturada com algum sentido de humor e folhas de louro. Não existe qualquer tipo de relação entre esses dois factos, a não ser a tradução para o inglês e o travo a cominhos. Não negamos as nossas raízes, mas o que nos inspira é a música que ouvimos em casa. É disso que gostamos e é isso que nos interessa. Mas gostamos de muitos estilos de música e não estamos de modo nenhum obcecados com a era que mencionam. É verdade que é talvez a maior influência no nosso som, mas não é a única, nem perto disso. Gostávamos até de começar a escrever músicas noutras línguas que não o inglês, desde que continuem a saber a cominhos. E se puderem cheirar um bocadinho a mofo, tanto melhor.

Nos EUA este revivalismo continua bem vivo em bandas como os Squirrel Nut Zippers, mas em Portugal pouco se tem feito por um estilo musical que marcou uma geração. Acham que encontraram um filão cultural por explorar?

O paralelismo deixa-nos lisonjeados. Mas, sinceramente, não acreditamos em qualquer tipo de filão. Fazemos apenas o que gostamos e sem pensar no retorno que possa vir daí. Não escolhemos este tipo de música porque existia algum espaço não explorado. É isto que tocamos porque é isto que gostamos. Se não vivêssemos em Portugal, talvez pudéssemos ambicionar um pouco mais. Claro que gostaríamos que a nossa música fosse apreciada por muitas pessoas. Não vamos é ceder na personalidade que criámos para que isso aconteça. Esta é a música que queremos fazer, independentemente de qualquer contexto. Sentados e de chapéu. E a soar a preto e branco, mesmo tocando a cores.

Como foi trabalhar para a banda sonora do filme “A Arte de Roubar” do Leonel Vieira e como apareceu a vossa música em anúncios comerciais?

Essa é uma ideia muito mais romântica do que a realidade. Gostaríamos muito de o ter feito, e se algum realizador o quiser fazer e nos propuser isso mesmo, teremos todo o prazer em trabalhar e compôr para um filme. Até porque, de certa forma, a nossa música tem algumas características bem cinematográficas. Mas a verdade é que tudo se passou ao contrário. Tal como os restantes intervenientes na banda sonora da Arte de Roubar (Dead Combo, Legendary Tigerman, etc.), fomos convidados a participar com temas já gravados e editados. Ou seja, as músicas já existiam em disco e foram compiladas para o filme porque faziam sentido e ajudavam a completar o todo. Um pouco à semelhança das bandas sonoras dos filmes do Tarantino. Aliás, Leonel, se estás a ler isto, já pensaste em editar a banda sonora do teu filme? Daria uma bela colectânea. Com os anúncios comerciais para a TV aconteceu algo semelhante. Fazemos parte da “pool” duma produtora de som, que propôs a música para os anúncios. Resultou bem e foi aceite por agência e cliente. Nunca escrevemos nada de raíz por encomenda. Mas não estamos fechados a propostas, desde que não esteja em causa a personalidade dos The Soaked Lamb.

Neste disco trabalham com diversos convidados que vêm de variadas áreas musicais como o Funk, o Soul, o Rock e a Pop. O que é que esse cruzamento de experiências e sonoridades trouxe ao disco?

Os convidados trouxeram coisas importantes para o disco, mas não foram ao nível das suas outras áreas de intervenção musical. Todos eles têm coisas em comum connosco - para além de serem nossos amigos - e até algumas afinidades com o nosso som. As músicas em que participam, ganharam uma dimensão que não tinham só com os 6 membros da banda, mas não fugiram do nosso universo ou personalidade musical. A participação deles, além de ser uma grande honra para nós, enriqueceu bastante o disco, mas não existiu um cruzamento de sonoridades. De experiências, claro que sim. E nesse sentido o disco está maior e mais forte do que sem eles. Ou seja, manteve-se o espírito mas tem as cores mais vivas. Eles são a cereja no topo do chapéu.

De futuro esperam visitar outras épocas sonoras ou vão continuar nos ritmos do Jazz, da Valsa e do Swing?

Nada disso é muito consciente ou pensado para ser dessa forma. Não procuramos ser puristas ou revivalistas duma época ou estilo específico, pelo menos nesse sentido da pergunta. Fazemos apenas o que gostamos e isso acaba por nos levar a muitos sítios, a muitos estilos e ritmos diferentes. Mas essencialmente, o que nos interessa é a música do período anterior à década de cinquenta e da massificação da indústria musical. Essa forma de composição um pouco mais complexa dos blues e pensada em função da canção como um todo e não dos executantes. Mas também não recusamos o que se passou depois disso, e pomos na nossa música muita coisa posterior a essa época. Simplesmente temos a atenção mais focada nessa altura. E iremos, com toda a certeza, visitar muitos outros ritmos e estilos. E já no próximo disco, que até já está a ser cozinhado em lume brando.

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Momento Crítico #25

3 estrelas e meia, no Ípsilon de 28 de Maio de 2010:

O "good time" deste "ragtime"
"Os Soaked Lamb afirmam não ter grande interesse na música posterior à década de 50, e não precisavam de o dizer para que o soubéssemos. Os Soaked Lamb, que se vestem como "travelling band" da América pós-Grande Depressão, surgem perante nós como artistas elegantes com espírito de caixeiro-viajante (mala às costas, fatos e vestido de bom corte e chapéu na cabeça). São banda de blues já electrificado e de jazz que ainda não "solificou". Mas não se cristalizam aí.
Há desvios pela inocência da América dos anos 1950, em que os sonhos pareciam paisagem havaiana com banda sonora de guitarra "pedal steel" ("Smilin" moon") ou até à Europa latina, porque, na verdade, fanfarra italiana combina bem com este espírito (confirme-se a recta final do lamento assombrado por violino de "Grain by grain"). De resto, o ataque de guitarra eléctrica a abrir "Blue voodoo" faz questão de acentuar que os Soaked Lamb até podem ser fantasia de um Cotton Club imaginário, mas não são certamente arqueologia. E ainda bem.
"Ditadura de seis elementos" onde se destaca o multifacetado Afonso Cruz, ilustrador, realizador de animação, escritor e, na banda, homem dos mil instrumentos e dono da voz gravíssima que serve de contraponto à elegância de Mariana Lima (saxofonista e vocalista a tempo quase inteiro), os Soaked Lamb de "Hats & Chairs" não fazem recriações. A naturalidade da interpretação, quer nos solos de trompete com surdina, quer no amor sem espaço para lamechices (o filtro que o cobre é o da Hollywood de Rita Hayworth ou Robet Mitchum), quer no gosto evidente pelo revolver da tradição operado por Tom Waits, impede-nos de sentir as canções como exercícios de estilo. Descobrimo-los assim: banda moderna a oferecer-nos novas versões de bailes antigos.
Em disco, é difícil resistir ao "good time" deste "ragtime". Ao vivo, imaginamos, sê-lo-á mais ainda." M.L. in Público
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Um disco de aço

Entrevista gravada para o Sinfonias de Aço:
“É, sem dúvida, um dos grandes discos para este ano: “Hats & Chairs” é o segundo álbum dos The Soaked Lamb e, a propósito deste trabalho, o “Sinfonias de Aço” conversou com o Afonso Cruz, um dos elementos da banda lisboeta. Curiosamente, esta entrevista foi efectuada via telefone, por VOIP, para o coração do Alentejo. O resultado desta conversa “transnacional” está pronto a ser escutado aqui no tasco, na secção entrevistas. Basta ligar as colunas e viajar, de Barcelos ao Alentejo, com passagem pela capital e pelas paisagens que “Hats & Chairs” desenha no seu percurso entre os blues e o jazz. De resto, liguem as colunas e deixem o PC fazer o que falta...”
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Uma entrevista em tom de sussurro


Whisper - Para quem não vos conhece, quem são os The Soaked Lamb? Contem-nos um pouco da vossa história.
The Soaked Lamb- A nossa história começa há 70 ou 80 anos atrás, ainda antes da II Guerra Mundial. Primeiro foi uma ideia, que depois levou à gravação de um disco todo feito em casa, acompanhado dos almoços de Domingo feitos de ensopado de borrego, vinho tinto e blues. Ficou pronto muito tempo depois - por volta de 2007. Só depois do álbum acabado é que surgiu a banda propriamente dita, que foi petiscar o nome a esses almoços. Muitos concertos depois, começou a tomar forma o segundo disco, aquele que editamos agora - “Hats & Chairs” - quase tão antigo como o outro, embora já tenha alguns toques de modernidade. Afinal, foi editado em 2010 e tem a maturidade de uns longos 3 anos.

W- A banda está fortemente relacionada com o blues e jazz, estilos musicais pouco populares em Portugal. Como lidam com isso?
TSL - A popularidade não quer nada connosco. E nós com ela. Não é algo de que estejamos à procura ou que nos consiga achar assim tão facilmente. Não compomos música para ir de encontro a gostos, a não ser o nosso próprio. De qualquer forma, fazemos as coisas tão devagar, mas tão devagar, que mesmo que quiséssemos acompanhar alguma moda, quando tivéssemos algo pronto para apresentar, essa moda já tinha passado. E para nós passou mesmo há muito tempo. Claro que não recusaremos qualquer tipo de protagonismo, se um dia nos bater à porta. Até esse dia chegar, esperaremos sentados, de chapéu, confortavelmente longe de resultados de vendas e tops da moda.

W - Como surgiram os vossos álbuns? É um processo demoroso?
TSL - É mesmo muito lento. Sentimos que demoram décadas a construir. 7 ou 8 décadas, para sermos mais precisos. Felizmente, temos muito tempo para ter o vagar necessário que eles nos exigem. Em ambos os discos, concentrámos as gravações aos Domingos. E vários passaram até estarmos satisfeitos, até chegarmos onde queríamos. No caso do primeiro álbum, como já dissemos, surgiu duma ideia de fazer um disco, antes mesmo de existir a banda. O segundo já apareceu como mandam as regras. É fruto de ensaios, concertos, e da nossa convivência enquanto banda. Foi inteiramente gravado em estúdio, apesar de também ser “homemade” no sentido em que foi todo feito por nós. É composto só de originais, ao contrário do primeiro, em que metade dos temas eram versões. E tem mais instrumentos. Muito mais instrumentos. As gravações tiveram a mesma lentidão que as anteriores, mas sem o ensopado de borrego para o almoço. Perdeu-se na qualidade das refeições, mas ganhou-se em qualidade de som.

W - "Homemade Blues" é o nome do vosso primeiro álbum de onde grande parte dos portugueses lembram o tema "Doomed to Heaven" do anúncio televisivo para a marca Guloso. Como surgiu esta oportunidade capaz de deixar a vossa música nos ouvidos de toda a gente?
TSL - Não sabemos se deixou a música nos ouvidos de toda a gente, mas deixou com certeza um ligeiro hálito a refogado. Neste caso concreto, o ladrão fez a oportunidade. O Miguel, baterista, trabalha num estúdio de produção áudio, e propôs, entre outras músicas de diversos autores, o nosso “Doomed to Heaven Rag” como banda sonora para esse filme em concreto. Esse foi o tema escolhido, para nossa sorte, da agência de publicidade e da marca de concentrado de tomate.

W - O vosso mais recente trabalho intitulado “Hats & Chairs” contou com uma série de convidados. Falem-nos um pouco sobre eles e como surgiram nesse projecto.
TSL - Os convidados aparecem em alguns temas do disco. São amigos que admiramos também como músicos, e que conseguimos enganar sem eles darem por isso. Enfiámos-lhes um chapéu. As músicas em que participam, ganharam uma dimensão que não tinham só com os 6 membros da banda. Os temas não seriam muito diferentes sem eles, é certo. Mas seriam com certeza mais pobres. São eles: Nuno Reis (Funk Off And Fly; Mercado Negro; Cool Hipnoise), Pedro Gonçalves e Tó Trips (Dead Combo), Jorge Fortunato (49 Special). O disco foi ainda misturado e masterizado por Branko Neskov.

W- O que são os “chapéus e as cadeiras” no vosso último trabalho?
TSL - Os chapéus são 6: Mariana Lima, voz e saxofone; Afonso Cruz, voz, guitarras, harmónicas, banjo e lap steel; Gito Lima, contrabaixo; Tiago Albuquerque, ukulele, trompete, clarinete, saxofone, concertina; Vasco Condessa, piano; Miguel Lima, bateria. As cadeiras são menos numerosas, mas não menos importantes. Fazem parte da nossa postura em palco, em que todos tocam sentados, e do nosso cuidado com os detalhes e com as vértebras do pianista. Costumamos dizer que fazemos música sentados, e para um público também sentado. O chapéu é opcional apenas para o público.

W - Tivemos a oportunidade de vos ver actuar em Coimbra e vimos que se depararam com condições algo precárias para uma actuação. É algo que vos acontece com frequência? Sentem-se obrigados a aceitar para darem a conhecer a vossa música?
TSL - Durante esta tour, tocámos em locais com som fantástico, como o C.C.Vila Flor, e com um som medíocre, como o que mencionam. Quando queremos promover o nosso trabalho (neste caso o novo CD), temos - e queremos - chegar ao máximo de cidades e pessoas que nos for possível. Isso implica tocar em locais em que as condições não são as melhores. Não nos sujeitamos a qualquer coisa, claro. Mas, infelizmente, é a realidade de muitas das salas do País, e não há muitas formas de contornar essas deficiências. Mas esta tour, até por ter sido bem maior do que o que já tínhamos feito, fez-nos subir um pouco a exigência. E dificilmente voltaremos a tocar em locais como esse de Coimbra.

W - Onde se vêm daqui a 5 anos? Grandes expectativas?
TSL - As expectativas têm o tamanho das vendas dos nossos discos e dos nossos espectáculos. Não são muito grandes, nem demasiado pequenas. Estão sentadas como nós. A nossa música, apesar de ser feita com a maior seriedade, veracidade e dedicação possíveis, não é a nossa profissão nem o nosso ganha-pão. É o nosso passatempo preferido, aquele em gastamos mais tempo. Se tivermos a oportunidade de crescer, vamos agarrá-la, desde que não seja preciso correr. Já não temos idade para isso. Daqui a 5 anos não fazemos ideia de onde estaremos, mas certamente continuaremos sentados e de chapéu.

W - Alguma mensagem que queiram aproveitar para deixar aos nossos leitores, aos vossos seguidores, ou às promotoras nacionais, etc?
TSL - Uma mensagem muito pouco subliminar: Ouçam o nosso CD. Vão ver os nosso concertos e levem chapéus. As cadeiras já lá deverão estar. E procurem-nos na net, nos canais sociais habituais: Facebook, Myspace, Blogs, Youtube. etc. e ainda em www.soakedlamb.com
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Hot & Spicy


in jornal Expresso de 08/05/2010: COMO (não) é imediatamente evidente, The Soaked Lamb é o tipo de tradução que, naturalmente, resultará se escrevermos “ensopado de borrego” num qualquer Babel Fish desta vida. O que será logo um indício de que os autores de “Hats & Chairs” têm uma elevado probabilidade de ser portugueses. São. Mais exactamente, segundo os próprios, “uma ditadura de seis pessoas” executantes de sax, guitarra, ukulele, banjo, lap steel, contrabaixo, piano, órgão, clarinete, trompete, concertina, bateria e percussões, de acordo com um programa estético convivial: “os blues como anfitrião e muitos convidados, como o swing, o ragtime, o jazz, e até uma valsa que ficou para o café.” Na verdade, estão para esta descendência da old-time music como os Oquestrada para as variedades lusas: se estes apuraram o paladar entre refogados e jindungo, os Soaked Lamb preferem a jambalaya, o chicken fried steak e a pecan pie. Metafórica e musicalmente, claro. Nos temperos, entram Tom Waits, Nina Simone, Screamin’ Jay Hawkins, Chavela Vargas e Colette Magny, entre muitos outros, que eles gostam de pitéus hot & spicy. Ainda bem que não é nouvelle cuisine. J.L.
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Quando nós falamos dos outros


Na última revista DIF (nº74), um de nós fala do disco duma outra banda que anda a ouvir e a gostar muito: A Jigsaw, Like The Wolf - Uncut.


“Like the Wolf” é o segundo álbum dos portugueses A Jigsaw, e esta edição “uncut”, é uma espécie de versão do realizador, revista e aumentada, e em formato “deluxe” do disco com o mesmo nome de 2009. Poderia ter sido o difícil segundo disco. Mas eles nem sabem como isso se escreve. O que souberam foi escrever 14 belas canções, que compõem este registo brilhante, obra maior que “Letters From The Boatman” de 2007 - já por si um disco magnífico (têm ainda um EP “From the Underskin” de 2004) - em que o todo é mais do que a soma das partes. Conceptual na forma, consistente e coerente do primeiro ao último momento. Indie folk e americana no seu melhor, onde se evocam almas perdidas numa qualquer estrada secundária, cheia de pó, sangue e whiskey, e histórias contadas na terceira pessoa. Conhecem o cancioneiro tradicional americano do índice ao prólogo, e têm o desplante de lhe acrescentar mais um capítulo revisto e actualizado, com composições de grande nível, autênticas e originais. É um álbum que não consigo tirar do leitor de CD’s. Siga com atenção esta alcateia."
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Uma revista onde somos "um autêntico must"


Na página 76 da Magazine Magnética, deste mês de Maio, recebemos uma crítica tão elogiosa que parece que foi feita por encomenda. Juramos, sentados e a pés juntos, que desconhecemos a jornalista (Sofia Freire) que escreveu sobre nós e sobre o novo CD "Hats & Chairs".
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