terça-feira, 10 de julho de 2007

Momento crítico: onde se dizem coisas muito lisonjeiras sobre os Soaked Lamb

Este disco tem cheiro a terra. Tem cheiro a terra americana. Estão a ver aqueles descampados, onde lá muito ao longe se vê uma igreja feita de madeira? Pois é este o retrato perfeito para ilustrar “Homemad Blues” .
Este som é feito de uma inspiração que parte do blues. Não nos entrega muitas vezes o blues no seu estado mais puro. Aqui e ali este blues é salpicado com jazz e umas pitadas de country. Afinal, estilos que se casam muito bem. Mas sim, importa frisar que na sua raiz este é mesmo um disco de blues. Blues lento e arrastado, muitas vezes trazendo dentro um lado mais sexy, muito por culpa de uma certa inspiração de cabaret, ou neste caso de saloon.
Mas como ia dizendo este blues tem algum jazz lá dentro. Tem sim senhor! E para comprovar bastará escutar “The Soaked Lamb” onde a voz de Afonso Cruz cruza os estilos de Tom Waits e Luis Armstrong , e onde um saxofone não engana o ouvinte.
Depois, como escrevi, há por aqui salpicos de country. Exemplos maiores são “Another Man Done Gone” e “Beer Song (For A Romantic Evening)”.
Mas o que nos fica deste primeiro registo dos Soaked Lamb é a sua grande paixão pela ancestral cultura americana.. E ficamos com a certeza de estarmos perante uma banda que tem já muito bem definido o seu caminho. Uma banda que vendeu a sua alma em troca da canção perfeita.
São 13 temas homogéneos que só fazem sentido todos juntos. Têm um fio condutor muito próprio. Por isso é que pode ser difícil digerir este prato logo à primeira. Mas não tenham pressas. Deixem a comida repousar. Aos poucos e poucos vão começando a sentir na língua um aroma extremamente delicioso .Sim, porque afinal este é um disco recheado de pequenas maravilhas.
Umas das maiores surpresas fecha o disco. Uma canção de trabalho, onde só a voz gospel de Maria Lima brilha e se mostra grande.
E é isto amigos, que faz deste um grupo que merece descobrir. Que faz deste um disco que merece ser escutado.
Agora no ar o cheiro a terra. A terra americana. A igreja de madeira está mesmo aqui ao lado. Entremos e rezemos em silêncio, ou quem sabe entoemos um gospel a plenos pulmões.


Nuno Ávila

(Blog Santos da Casa)

1 comentários:

Elysium2125 disse...

eeeehhpáááhhh.... sim senhor!

Comprei-o hoje e foi como lhe chamam por ai "amor a primeira vista". Bom mas na realidade não foi isso que me supreendeu. A capa chamou-me logo a atenção porque por toda ela se respira Blues foi logo a primeira impressão e foi ela que me deu forças para tentar convencer o senhor "Jonas" da loja para tirar-lhe o plástico para escutar em que formas se moldava e se vissem o meu espanto e sorriso maroto... quando meti o cd no leitor enquanto ia comentando aqui com o senhor da lojinha "woodstock"..."Este grupo é muito bom, mas é da onde?" disse eu, e ele respondeu "Acho que é português" e eu ---> =O

Não é por mal, mas este disco tem mesmo aquela garra e pitada de Blues americano e parecia ter sido feito nesse mesmo contexto e fiquei parva e feliz, digo-vos mesmo por ter sabor nacional!!!

Parabéns e vou seguir a vossas pegadas por ai de certeza!

Juanita

10 de julho de 2007 às 23:04